E essa não pode passar despercebida, veja só: o trânsito de São Luís não é apenas um caos, ele virou palco de uma disputa interna entre quem consegue multar mais. Um ranking que circulou em grupos de WhatsApp dos agentes de trânsito e vazou nas redes revelou números absurdos: um servidor do setor de Fiscalização aplicou 1.338 multas em apenas um mês, uma média de mais de 40 por dia. Outros agentes aparecem com centenas de autuações, mostrando que a prioridade parece ser encher os cofres da Prefeitura de São Luís e não organizar o trânsito. No setor de videomonitoramento, os três primeiros colocados somaram mais de 2 mil multas em setembro. O Grupo de Operações, o GTT e o Transporte também registraram números que impressionam pela proporção de infrações em relação à população atendida. Merecem medalhas, né?
Enquanto isso, ruas mal sinalizadas, congestionamentos constantes e transporte público precário castigam a população. Entre janeiro e setembro, apenas com multas, a Prefeitura arrecadou quase 29 milhões de reais. A cidade se tornou um caça-níquel oficial, com agentes competindo entre si e empresas terceirizadas garantindo seu quinhão. A troca recente da empresa responsável pelos radares, da Focall para a Labor, aumenta ainda mais a desconfiança, principalmente depois que a antiga foi parar nas páginas policiais por fraudes e corrupção.
O presidente do Sindicato dos Agentes de Trânsito, Marcelo Brito, veio a público dizer que os servidores são concursados, profissionais de carreira e que não há pressão para bater metas… Será? Difícil acreditar quando os números gritam o contrário e quando os motoristas continuam pagando caro por um sistema que parece mais preocupado com arrecadação do que com segurança.
O caso agora está nas mãos do Ministério Público, que deve investigar se existe um esquema formal ou informal para transformar multas em fonte de receita. É isso.
E pra completar, um seguidor do Colunaço ainda soltou essa: “a história do ranking de multas é verdadeira. Tem um ponto ali, depois de passar pela sede do IPEM, no Calhau, ao acessar a Avenida dos Holandeses, onde a multa é por não sinalizar a direção, mas o detalhe é que a direção já está sinalizada no solo. A obrigação de sinalizar é só se o motorista mudar de faixa. E sabe o que é pior? Não mandam imagem, não fazem abordagem, só chega a surpresa no aplicativo. Recebi uma dessas esta semana e já vou protocolar o recurso e uma representação no MP”.
Enquanto isso, guardas de trânsito somem quando o engarrafamento trava a cidade. Carro parado em local errado, enguiçado ou batidinha leve… aí não tem ranking, né? Aí o pódio some, o trânsito trava e o contribuinte é quem continua levando a multa e o prejuízo.









