Maria Babado
Em pleno mês do São João, em São Luís, o que se viu foi um dos episódios mais vergonhosos contra um grupo tradicional da cultura maranhense. O Boi de Nina Rodrigues, com décadas de história e resistência, foi simplesmente impedido de se apresentar no pátio do Rio Poty Hotel, segundo a direção da própria brincadeira, por ordem da produção da influenciadora Thaynara OG.
A humilhante cena aconteceu na noite dessa quinta-feira, 5, quando o ‘Nina’ já estava com o som montado para uma apresentação no pátio do Rio Poty, contratado para o Encontro Nacional do CREA, com o apoio da Mútua e do próprio Estado.
No entanto, bastou bastou a equipe da influencer (que havia reservado boa parte do hotel) decidir que “não queria o boi ali”, e a apresentação foi barrada. O som foi desmontado às pressas, os brincantes praticamente expulsos do espaço e levados para se apresentar, com atraso, em uma garagem, nos fundos do hotel, sem estrutura, sem iluminação e sem dignidade.
Não houve diálogo, não houve tentativa de conciliação de horários, não houve o mínimo de respeito. Houve apenas imposição, como se a cultura popular fosse um estorvo diante de uma celebridade digital.
E aqui vai a pergunta, da direção do Nina, que ecoa por todo ‘terreiro’: “como é que alguém que se vende como símbolo São João do Maranhão, que vive nas redes dizendo que valoriza a cultura, permite (ou manda) um grupo tradicional ser retirado como se fosse incômodo? A atitude da produção da Thaynara OG foi, no mínimo, contraditória — pra não dizer hipócrita. Porque na internet é fácil falar de boi, tambor e tradição. Difícil é respeitar quem faz isso o ano inteiro, com suor e amor de verdade.
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