Repercutiu muito o alerta do Colunaço do Dr. Pêta, desse domingo, 01, sobre a saúde mental de policiais militares do Maranhão estar sendo negligenciada há décadas. As consequências têm sido trágicas. Por trás da rigidez da farda, há seres humanos expostos diariamente a traumas, jornadas exaustivas e cobranças desumanas, sem qualquer estrutura real de acolhimento. Quando um PM dá sinais de colapso, como fez o tenente Cássio, a resposta não é cuidado, é silêncio, medo e omissão. Não houve surpresa, houve inércia. Não é crítica à corporação, é um apelo para protegê-la. Porque ignorar sinais de sofrimento não é lealdade, é negligência institucional.
Veja a íntegra do que foi publicado pelo Colunaço:
*** A execução do capitão Breno dentro da Academia de Polícia Militar Gonçalves Dias, no complexo do Comando Geral da PMMA, em São Luís, não foi um acidente, nem um ato isolado!!! Foi o retrato fiel de uma estrutura em colapso silencioso – psicológico, institucional e jurídico!!! O tenente que puxou o gatilho não era um estranho ao sistema!!! Era parte dele!!! Parte de uma engrenagem que hoje já não distingue preparo de desequilíbrio, “alerta de frescura”, laudo técnico de burocracia descartável!!! Esse crime, brutal e calculado, escancarou uma ferida aberta há tempos dentro da Polícia Militar do Maranhão – e mais ainda: dentro do sistema que a rege, protege e também ignora!!!
*** O ingresso nas forças policiais deveria seguir critérios rígidos, especialmente no que diz respeito à saúde mental!!! Afinal, portar uma arma e exercer o monopólio da força do Estado não é um direito pessoal, é uma concessão pública condicionada ao equilíbrio emocional, à integridade e ao controle!!! O problema começa quando esses filtros técnicos, emitidos por profissionais da saúde mental – psicólogos e psiquiatras com formação e responsabilidade ética – são simplesmente anulados por decisões judiciais!!! Nos últimos concursos da PM do Maranhão, dezenas de candidatos que foram reprovados em exames psicotécnicos recorreram à Justiça, e, por força de liminares, ingressaram na corporação armada!!! Isso não é exceção!!! Isso virou regra!!! Estamos substituindo diagnósticos científicos por pareceres jurídicos!!! E o resultado é o que vimos: um oficial em surto, com histórico de instabilidade emocional, entrou fardado, armado e com ódio premeditado em um espaço que deveria representar disciplina, hierarquia e segurança, e matou!!! O que falhou???!!! Tudo!!!
*** A saúde mental dos policiais é um tema negligenciado há décadas!!! Muitos PMs lidam com traumas diários, jornadas exaustivas, cobranças desumanas e ausência total de acolhimento!!! Mas quando um deles dá sinais de colapso, o que acontece???!!! Silêncio!!! Medo!!! Omissão!!! O tenente Cássio não escondeu seus planos!!! Chegou a falar com oficiais, mencionou a intenção de matar!!! Em casa, avisou a própria mãe!!! O que foi feito???!!! Nada!!! Nenhum afastamento preventivo!!! Nenhuma suspensão de porte de arma!!! Nenhum protocolo!!! Não houve surpresa; houve inércia!!! Não se trata de atacar a corporação; é exatamente o oposto!!! Trata-se de protegê-la!!! Porque o silêncio sobre esses sinais não é lealdade, é conivência com o risco!!! A culpa não é só da tropa!!! É de um sistema que adoece e depois pune!!! A lógica hierárquica da caserna, ainda baseada no mito da invulnerabilidade, desestimula qualquer policial a admitir que precisa de ajuda!!! Pedir apoio é visto como fraqueza!!! Questionar um colega é ser “dedo-duro”!!! Denunciar sinais de desequilíbrio é comprar briga!!! A tragédia de quinta-feira, 29, mostra que esse modelo está falido!!! É preciso, urgentemente: fortalecer e respeitar os laudos psicológicos de ingresso; criar mecanismos reais de escuta, acolhimento e afastamento preventivo de policiais com sinais de instabilidade; rever o uso indiscriminado de liminares judiciais em concursos para cargos armados; e instituir ouvidorias independentes e canais seguros de denúncia dentro da corporação!!!